Especialistas explicam dificuldade de prever temporais no Grande Recife; entenda
16/05/2025
(Foto: Reprodução) Fenômeno que provoca chuvas entre abril e agosto pode ser identificado com até 15 dias, mas volume e intensidade só são previstos com precisão dias antes. Meteorologista Thiago do Vale explica tecnologias usadas para fazer previsão do tempo
Uma dúvida comum entre moradores do Grande Recife é se é possível prever com antecedência quando vai chover forte e quanto de chuva vai cair. A resposta é: até certo ponto, sim. No entanto, há limitações, de acordo com especialistas.
O fenômeno que provoca chuvas na região entre abril e agosto é conhecido como Distúrbio Ondulatório de Leste (DOL), ou “ondas de leste”. Ele se forma no oceano e avança em direção ao continente, provocando chuvas de intensidade moderada a forte.
✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE
Segundo especialistas, é possível identificar a formação do DOL com até 15 dias de antecedência. No entanto, a previsão precisa sobre o volume e a intensidade das chuvas só pode ser feita com antecedência de um a três dias.
“Há variáveis a serem consideradas. A questão de pressão atmosférica, direção e intensidade dos ventos, isso pode trazer algum tipo de alternância na previsão, impossibilitando prever prováveis volumes do evento”, explicou o professor Osvaldo Girão, do Departamento de Ciências Geográficas da Universidade Federal de Pernambuco.
Segundo Girão, um exemplo recente são as fortes chuvas que começaram a cair no Grande Recife desde a última quarta-feira (14). A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) só conseguiu prever o volume que iria cair cerca de uma hora antes do temporal começar.
“No início desse sistema, que ocorreu a partir da última quarta, a Apac teve uma previsão, final da tarde, talvez de 16h, 16h30, e o sistema se intensificou justamente às 17h. Então, teve mais ou menos uma hora, meia hora de antecedência para saber que haveria um volume maior de chuvas”, disse o professor.
Rua Caetano Ribeiro, em Olinda, na quinta-feira (15), após as chuvas que atingiram o Grande Recife
Reprodução/TV Globo
LEIA TAMBÉM
Duas pessoas morrem após levar choque elétrico em avenida alagada
Jacaré aparece na calçada após fortes chuvas e assusta moradores de Barreiros
Chuva causa suspensão do abastecimento de água em dez cidades
A previsão do tempo feita pela Apac utiliza dados de temperatura, pressão, umidade e ventos coletados por estações meteorológicas, satélites e até aviões espalhados pelo mundo. Esses dados, tanto atuais quanto históricos, alimentam os modelos de previsão.
O fato de Pernambuco estar em uma região tropical também interfere na precisão das previsões.
“Nessa região, a gente recebe muita energia vinda do solo. Com isso, os fenômenos meteorológicos ficam meio caóticos. Ou seja, para a gente fazer um paralelo desse caos, a gente entende que, em um dia específico, em Olinda pode estar chovendo e Recife pode estar seco”, afirmou o meteorologista da Apac, Thiago do Vale.
A medição do volume de chuva é feita com o auxílio de pluviômetros, que são coletores de água da chuva instalados em pontos estratégicos. A Apac classifica o volume de chuvas da seguinte maneira:
Fraca -- até 20 milímetros de água
Média -- partir de 30 milímetros
Forte -- acima de 100 milímetros
Quando se diz que “choveu acima da média”, a comparação é feita com a média histórica de chuvas, registrada entre 1991 e 2020. Eventos extremos causados pelas mudanças climáticas, como secas prolongadas e chuvas intensas fora do padrão, representam um desafio adicional para os meteorologistas.
“A gente está vendo nesses últimos anos períodos sem chuva mais constantes, porém, quando a chuva vem, vem com maior intensidade. Quando a gente analisa previsões de modelo, os modelos sempre vão tendendo à média. Num cenário com extremos mais aguçados e os modelos mostrando mais a média, é mais passível aos erros”, explica Thiago do Vale.
Sistema de monitoramento da Apac
TV Globo/Reprodução
Previsão do tempo
A Apac informou que ainda há muitas nuvens no Litoral e nas Zonas da Mata Sul e Norte de Pernambuco. Por isso, o fim de semana deve ser de chuva, mesmo que de intensidade mais fraca. O Agreste também deve registrar precipitações.
“A previsão do tempo é que ainda aconteçam chuvas fracas ao longo da noite na região do Grande Recife e Zona da Mata Sul e Norte. No Agreste também deve acontecer chuvas fracas e no Sertão não há previsão de chuva. As nuvens que estão no estado devem persistir no sábado (17) e no domingo (18)”, disse o meteorologista Roberto Pereira, Apac.
VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias